sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Livros

Encadernados ou não,
daqueles grossos, pesados,
dom letra pequenininha.

Daqueles leves, fininhos,
que vivem meio amassados.
Dos antigos muito raros,
com páginas amareladas.
Dos caros e elegantes,
recheados de pinturas.

Daqueles com fotos e mapas.
Dos repletos de gravuras.
Dos que têm contos, novelas,
romances, trovas, ensaios,
poesia, mitologia,
alquimia, geometria,
história, filosofia,
geologia e geografia.

Na verdade, vou dizer,
São tesouros de papel.

Mas aquele que eu prefiro
é um cheio de desenhos,
um volume muito antigo,
do tempo do meu avô,
mostrando um pouco de tudo:
animais de todo tipo,
as árvores e as plantações,
os tipos de flores e frutas,
e como vivem os povos
nos quatro cantos do mundo;
e os tipos de comida,
e os meios de transporte,
e os últimos inventos,
e as roupas que a gente veste,
e as festas mais populares,
e as estações do ano,
tudo isso e muito mais,
mas não do tempo de agora,
pois o livro é muito antigo.

Vou folheando, encantado
Perguntando, pensativo,
Como pode tanto assunto
Caber assim num só livro?

Livro de papel
Ricardo Azevedo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dicas literárias

Entre livros, decálogo do leitor - Alberto Mussa

Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminuía ansiedade, aumenta a libido.

Lê-se para ser gente, para estar alimentado por histórias nutritivas, e não “ensinantes”, histórias alegres ou tristes, risonhas ou amargas, falando de qualquer assunto, de bem-aventuranças ou de “sofrências” para que o teu repertório seja amplo e para que encontres um caminho alegre nesse mundo de tristezura.

Leitura por Robert Fulghum

Os livros são os meus olhos mágicos - Manorama Jafa (tradução de José António Gomes)

Nas minhas descobertas, encontrei uma lenda indiana sobre um rapaz que descobriu como o saber é transmitido pelas palavras. Eu adorei o título:  Os livros são os nossos olhos mágicos.
Mais informação, mais conhecimento para nos guiar nos difíceis acidentados caminhos da vida.

Há muito, muito tempo, vivia na Índia antiga um rapaz chamado Kapil. Além de gostar muito de ler, era extremamente curioso. Tinha a cabeça cheia de perguntas. Por que motivo o sol era redondo e por que mudava a lua de forma? Por que cresciam tanto as árvores? E por que
razão as estrelas não caíam do céu? Kapil procurava as respostas em livros de folha de palmeira escritos por homens sábios.
E lia todos os livros que encontrava.
Ora, um dia, estava Kapil ocupado a ler quando a mãe lhe deu um embrulho e disse:
"Arruma o livro e leva esta comida ao teu pai. Já deve estar cheio de fome."
Kapil levantou-se com o livro na mão e caminhou.
Enquanto percorria o duro e acidentado trilho que lhe atravessava a floresta, não parava de ler. De súbito, o seu pé bateu numa pedra. Tropeçou e caiu. E logo um dedo começou a sangrar. Kapil ergueu-se do chão e continuou a caminhar e a ler, com os olhos colados ao livro. Não
tardou a bater noutra pedra e uma vez mais, estatelouse. Desta feita doeu-lhe mais, mas o texto escrito em folha de palmeira, fê-lo esquecer as feridas. De repente, um clarão surgiu e ouviu-se um riso melodioso. Kapil levantou os olhos e deparou com uma formosa senhora, vestindo um sari branco. Ela sorria e uma auréola rodeava-lhe a cabeça. Estava sentada num cisne branco e gracioso. Numa das mãos trazia um luminoso rolo de pergaminho. Com outras duas segurava um instrumento de cordas chamado
rapaz e disse "Meu filho, estou impressionado com a tua sede de conhecimento. Quero dar-te
uma recompensa. Qual é o teu maior desejo? "
Kapil pestanejou de espanto. Diante dele encontrava-se Saraswati, a deusa do estudo. No instante seguinte, o rapaz cruzou as mãos, fez uma vénia e murmurou: "Por favor, deusa, dá-me um segundo par de olhos para os pés, a fim de que eu possa ler enquanto caminho."
"Assim seja"
E a deusa abençoou-o.Tocou na cabeça de Kapil e a seguir desapareceu entre as nuvens.
Kapil olhou para baixo. Um segundo par de olhos brilhava-lhe nos pés e ele deu um salto de alegria. Logo a seguir, fixou os olhos no livro e desatou a caminhar pela floresta, apenas conduzido pelos seus pés. Graças ao amor pelos livros, Kapil cresceu e tornou-se um dos
sábios mais ilustres da Índia. Em toda a parte era conhecido pela sua imensa sabedoria.

domingo, 4 de dezembro de 2011