quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Histórias que amo ler, ouvir e contar

Vou dividir com vocês algumas histórias que para mim foram marcantes, engraçadas, interessantes e divertidas.

 

A PRINCESA QUE NÃO RIA - Lázaro Francisco da Silva


      O Reino do riso livre

Há muitos anos atrás, existia um reino chamado Reino do Riso Livre. Nesse reino, as pessoas eram alegres e descontraídas, e por nada deste mundo perdiam a oportunidade de uma boa risada. O Primeiro-Ministro não se cansava de dizer que o riso é o melhor remédio para uma vida longa e saudável. Ali não havia violência, nem corrupção, enquanto o reino vizinho, que se chamava Reino do Povo Sisudo, era tudo ao contrário. O mais importante lá era ter cara fechada, séria como se tivessem sempre dor de barriga.
Mas o Reino do Riso Livre tinha um segredo que era escondido há muito tempo do povo: a Princesa Risalva não conseguia rir. E isto era muito perigoso para todo o povo, pois a Princesa poderia casar com o Príncipe do Povo Sisudo.
Sendo assim, o Rei tomou uma decisão: daria a Princesa em casamento ao homem que fizesse ela esboçar pelo menos um leve sorriso.
Esta parte é somente o primeiro capítulo. Imagine o restante da história. Eu adoro histórias que tenham palavras que não existem no dicionário, que são criadas pela imaginação. E mesmo que combinem e deem outro sentido, é muito divertido.

Fátima, a fiandeira - Anderson Corso


            Em uma ilha perto de Creta vivia Fátima e seu pai, um grande fiandeiro que trabalhava para o rei da Grécia. Eles eram muito felizes e tinham um padrão de vida muito bom.
           
Um dia o pai de Fátima recebeu um chamado do rei para irem até Creta, a fim de executarem alguns serviços para ele. O grande fiandeiro disse: “Fátima nosso patrão nos aguarda em Creta, preparasse para viajarmos e encontrá-lo”.
O barco então parte da ilha e os dois vão ao encontro do rei. O mar é traiçoeiro e uma grande tempestade atinge a embarcação. O barco de Fátima naufraga indo parar em Alexandria e seu pai vem a falecer.

            Fátima então pensa: “O que farei agora? Meu pai está morto e eu estou numa terra desconhecida”. Ela é encontrada por um casal de tecelões que a adota como filha. Mais uma vez Fátima encontra a felicidade, agora aprendendo o ofício de tecelã com seus novos pais. Recebe mais uma virada em sua vida. Passeia alegremente, quando bárbaros, invadem sua aldeia e seqüestram-na, vindo ela ser levada para o mercado de escravos em Istambul. O mercado de escravos era um lugar sujo, com muitas tendas e pessoas. Havia um grande e próspero serralheiro que construía mastro para navios, viu Fátima sendo vendida como escrava e sentiu grande pena dela. Pensou: “Essa menina não me parece uma escrava, vou comprá-la e fazê-la de criada para minha esposa”. E assim fez.
           
Chegando na ilha de Java, onde morava o serralheiro que estava falido, um grande carregamento de seus mastros havia sido roubado. Então Fátima, o serralheiro e sua mulher começaram a trabalhar sozinhos para reconstituir sua fortuna pois o serralheiro não tinha mais dinheiro  e seus antigos empregados o abandonaram.
            Fátima trabalhou com tanta vontade que seu patrão lhe devolveu a liberdade e se tornou seu braço direito o serralheiro conseguiu se reerguer e Fátima estava de novo feliz e realizada.
           
Um dia o patrão pediu a Fátima: “Você é meu braço direito leve o carregamento de nossos mastros até a Índia e negocio-os pelos melhores preços, pois confio em você”. E ela carregou o navio e partiu para o seu destino. Mas o traiçoeiro mar, mais uma vez usou os seus poderes e numa enorme tempestade o navio naufragou, vindo Fátima parar na China.
           
Mais uma vez sem nada, Fátima pensou: “Por que  isso acontece comigo toda vez que estou feliz vem algo e destrói minha felicidade?”. Mas sem desistir continuou andando até chegar numa aldeia chinesa. Acontece que na China, havia uma profecia que chegaria uma mulher estrangeira  que construiria uma grande tenda para o Imperador.
            Chegando na aldeia, uma aldeã diz a Fátima para marcar uma audiência com o Imperador. E assim ela o fez. Chegado o dia, o Imperador pergunta: “Você pode construir uma tenda?”
           
Fátima diz que podia e então começa a tarefa.
            Mas para construir a tenda ela precisava de uma corda resistente,  mas não havia este tipo de corda na China. Relembrando o tempo que viveu com o casal de artesãos, recolheu o material necessário e ela mesma teceu o tecido de grande resistência.
            A tenda precisaria de mastro para poder ser levantada, mas nesse tempo não existia mastros resistentes na China. Ela relembrou o que sabia fazer tal mastros, pois havia trabalhado com um grande serralheiro, e ela mesma os construiu. Mas qual é o formato da tenda? E então ela relembrou do formato dos grandes mercados de escravos e assim ela por fim ergueu uma grande e imponente tenda para o Imperador.
           
O Imperador muito agradecido por ela ter cumprido a profecia perguntou-lhe o que queria, e ela respondeu que apenas queria morar na China.
            Então ela encontrou um grande príncipe, vindo então encontrar a sua verdadeira e duradoura felicidade.
            Fátima então entendeu que todos os sofrimentos de sua vida lhe serviram para ela aprender e enfim levantar a grande tenda que era sua verdadeira felicidade.
Este é um conto popular e que tem várias versões. Quando contei esta história fiz uma brincadeira para montar o texto em seguida. Dividi os parágrafos e cada grupo tinha que montar como se fosse um quebra-cabeça. Além disso, localizamos no mapa os caminhos que Fátima percorreu. Isso eu acho muito importante quando se tem nome de lugares que não conhecemos: a localização no mapa. Um detalhe precioso para um contador de histórias.

O pote de Baiaré - Vania Dohme


No estado do Mato Grosso, na tribo dos índios Parecis, havia um jovem pequeno, fraco e tímido chamado Itaguyrá, que quer dizer pássaro de pedra. Muitas vezes nem iniciava uma coisa, porque tinha medo de não conseguir terminar, o fracasso não lhe agradava.
Por isso Itaguyrá vivia triste, sentia muita vontade de ser um índio forte e musculoso.
Um dia sua mãe descobriu o seu sofrimento e o aconselhou a procurar o pajé afim de encontrar uma solução.
- Estes homens estão assim belos, fortes, corajosos e seguros porque beberam do pote de baiaré, falou o pajé.
- E o que contém o pote de baiaré? Perguntou o fracote.
- Não sei, ninguém sabe, só quem bebe sabe.
- Onde posso encontrar esse pote?
- Naquela montanha, com Maiarú.
- Mas ela é muito íngreme, com mata fechada, eu não vou conseguir subir.
- Bem, faça como os outros, exercite-se! Eu vou ajudá-lo. Você está vendo esta folha. Quando o primeiro raio de sol refletir nas gotas de orvalho desta folha, diga o meu nome. Só poderá ser esta folha.
- Mas como vou identificá-la?
E neste momento, o pajé cruzou os braços, abaixou a cabeça e sumiu.
Eu vou desistir, pensou. Mas, lembrou o que sua mãe disse:
“Se os outros podem, você também vai conseguir. Tudo que um índio Pareci pode fazer, outro Pareci pode também. Essa é a lei que índio nenhum pode mudar, resistiu à época das trevas e à das águas, índio nenhum pode mudar.”
Voltou-se arrependido para a laranjeira, pois perdeu de vista a folhinha que o pajé apontara. Uma das folhas balançava ligeiramente e não tinha dúvida: era aquela.
O indiozinho vigiou a folha a noite toda, sem piscar os olhos.
Amanheceu e no primeiro raio de sol que atingiu o orvalho, gritou: pajé!
E imediatamente, apareceu o pajé apontando com o braço esticado que deveria seguir a direção.
Itaguyrá caminhou na direção indicada, sendo seguido pelo pajé até o rio da vila indígena. Na beira do riacho, o pajé parou com o braço esticado apontando para o rio, o que indicava que deveria se jogar lá. Mas, o índio não sabia nadar e mesmo assim, pajé não mudou de opinião.
            Então decidiu se lançar no rio. Preferia tentar, arriscando sua vida do que desistir e dar desgosto à sua mãe.
            Itaguyrá foi ao fundo como uma pedra e ficou maravilhado com o que via ao seu redor: pedras redondas e brilhantes, plantas compridas e cardumes de peixes coloridos. Tudo é tão bonito aqui. Eu não quero morrer agora!
Começou a agitar os braços desesperadamente até chegar a superfície do rio. Olhou para a beirada e viu o pajé de braços cruzados esboçando um sorriso. Pensou que fosse lhe dar a mão e puxá-lo do rio, mas nada foi feito.
A correnteza do rio levou Itaguyrá ao desespero. Encontrou no caminho enormes pedras irregulares e em declive, proporcionando sucessivas quedas. A força das águas fez Itaguyrá dar cambalhotas, cabeçadas em pedras e beber muita água.
O fim estava por vir, o corpo doía e após muitas batidas e tombos, Itaguyrá percebeu que não precisava fazer mais esforço. Olhou ao redor e viu as águas calmas, estava agora em uma represa.
-         Eu consegui? Pena que o pajé não viu.
            Quando olhou para a margem do rio (bolhas de sabão), lá estava o pajé e disse:
-         Amanhã no mesmo lugar!
E no dia seguinte lá estava Itaguyrá, cheio de marcas, cortes e dores pelo corpo, mas estava feliz por ter conseguido viver.
-         E agora pajé, vai me ajudar a encontrar o pote de Baiaré?
Sem responder, o pajé apontava para o rio novamente, dando a entender que o índio precisava se jogar lá de novo.
Itaguyrá se jogou no rio, maravilhou-se novamente, chocou nas pedras, rolou nas quedas, mas desta vez as coisas foram mais fáceis. E por muitas e muitas luas isso se repetiu até que o pequeno Pareci não tinha mais medo. Neste dia o pajé não se encontrava na margem. Resolveu sentar-se numa pedra e apreciar o rio, quando viu a imagem de um homem forte, musculoso. Admirado olhou para trás e nada viu. Mas o homem continuava lá, que mistério! Entediado, jogou uma pedra no rio e percebeu que aquele homem musculoso como queria ser, era ele.
Não esperou nem mesmo o pajé aparecer e como já estava preparado, subiu até a montanha em busca do pote de Baiaré. Tinha que vencer a escalada pedregosa, paredões, um desafio constante. Fez cordas grossas trançando pedaços de cipós facilitando a subida nas árvores.
Quando estava a um passo para sua conquista, um urro ecoou. Entendendo o sinal da floresta, Itaguyrá já sabia: havia ali uma jaguatirica com fome. Rapidamente correu para cima de uma árvore esperando ela se cansar. Mas a noite passou e ela permaneceu. Somente no clarear do dia, a jaguatirica foi beber água no rio, assim Itaguyrá aproveitou para descer e colocar seu plano em ação: pegou galhos e folhas secas, friccionou pedras fazendo fogo e incendiou sua engenhoca, transformando-a em uma tocha ardente.
Quando a jaguatirica foi saltar para a briga, parou assustada com o fogo. Itaguyrá olhou fixamente na inimiga chegando bem perto de seus bigodes.
Vitória! A jaguatirica saiu correndo assustada.
Itaguyrá saiu a procura da cabana de Maiarú e o encontrou fazendo um ritual usando pedras.
Após algum tempo, Maiarú olhou para Itaguyrá e disse:
-         Sente-se, Itaguyrá.
Itaguyrá ficou impressionado: como Maiarú sabia o seu nome?
-         Pajé, vim aqui para beber o líquido do pote de Baiaré, para me tornar forte e corajoso como um índio deve ser.
Maiarú foi para fora da cabana e voltou com o pote, dando para Itaguyrá. Para surpresa de Itaguyrá o pote estava vazio.
                  - Você já bebeu o líquido de Baiaré, e muito.
                  - Deve haver um engano, eu nunca bebi o líquido de Baiaré.
                  - Você bebeu e não sabe.
                  - Mas como?
                  - Você se lembra quando passou a noite inteira acordado para vigiar aquela folha? E do fundo do rio e da sua luta para subir?
                  -  Lembro.
                  -   Das quedas, das pedras? Você estava bebendo Baiaré! Com a jaguatirica foi a mesma coisa, você estava bebendo as últimas gotas. O Baiaré é um líquido que você começa a beber no momento em que você começa a desejá-lo. Ele está dentro de você.
                   - Tudo que um índio Pareci pode fazer, outro Pareci pode também. Essa é a lei que índio nenhum pode mudar, resistiu à época das trevas e à das águas, índio nenhum pode mudar.
                  -  Não há nada que se deseja alcançar que não seja possível obter com paciência, esforço e dedicação. Este pote é só um símbolo que você pode até guardá-lo, mas a força verdadeira de Baiaré está dentro de você!
Está é uma história de superação. Quem que hoje em dia não enfrenta os obstáculos da vida? História de esperança, de motivação, de crescimento pessoal.

QUEM TEM MEDO DE PORÃO - Regina Sormani

A turma tinha montado um cirquinho no quintal para assistir ao espetáculo pagava meia dúzia de chicles. Só que caiu uma chuva daquelas, e a brincadeira teve que mudar: todos foram para o porão.
A velha porta fez um barulho esquisito.
O pessoal entrou, um empurrando o outro, ficando bem juntinhos. Silvia pediu:
- Nina, deixe a porta aberta. Tá escuro aqui dentro... não tem luz?
- Ei, turma tem alguém com medo do porão?
Ninguém disse que sim, mas estava na cara que todos estavam com medo.
- Penha, que escuridão. – disse Fiva. Escuta, você está ouvindo um barulho?
- É mesmo – concordou Kiochi -, parece gente se arrastando...
- Ai, ai – gemeu a Fiva. – Quero ir embora.
Era só a mãe da Nina andando no andar de cima, fazendo as tábuas do assoalho rangerem. Mas Carlinhos levantou a hipótese de ser um velhinho, uma história de assombração que a irmã da Nina gostava de contar que era assim: antigamente, morava nesta casa um velhinho muito feio e ruim. Ninguém gostava dele. Até diziam que ele era feiticeiro e que contrabandeava crianças. Um dia o velhinho morreu e para se vingar de todo mundo, resolveu assombrar esta casa... Para espantar o fantasma do velhinho, toda noite é preciso deixar um copo de leite morno, com bastante açúcar, do lado de fora da porta que dá para o quintal.  Á meia-noite em ponto chega o fantasma. Bebe o leite, fica calminho e vai embora sem assombrar ninguém.
A Néia perguntou:
- O que acontece se a gente esquecer o leite?
Carlinhos fez uma pausa dramática.
- Ele vem... entra... e puxa as pernas de quem estiver dormindo.
Os dentes de Fiva começaram a bater feito castanholas. Kiochi farejou o ar e disse que estava cheirando a coisa velha, cheiro de mofo.
- De morto? – perguntou Carlinhos.
A Fiva começou a berrar:
- O morto! O morto!
Dias depois, todo mundo tinha esquecido o fracasso do cirquinho, a chuva e o porão, e um novo mistério rondava a casa. Helena, irmã da Néia, escondeu um pacote no porão. A turma se reuniu e foram imediatamente para o porão, levando uma lanterna. Entraram em fila, todos caminhavam devagar, a lanterna iluminando o chão, revelando coisas antigas e empoeiradas. Um colchão velho...um sofá, e sobre ele, um ninho. Correram todos pra olhar. Os ovos eram de galinha mesmo.
A Fiva deu um gemido:
-          Acho melhor a gente voltar. A Helena vai ficar uma fera se encontrar a gente aqui.
A luz da lanterna subiu e focalizou uma sombra que dançava na parede. Era um chapéu que a luz tornara sinistramente grande. Todos gritaram ao mesmo tempo. De repente Nina viu um armário, os olhos arregalados acompanhavam a lanterna a cada pedacinho do móvel. Mas estava trancado. Kiochi fez várias tentativas. Puxou, empurrou, chacoalhou. Carlinhos, irritado, chutou a porta. Foi aí que ela fez um créc seco e dolorido. Uma coisa escura, enorme balançou e... a lanterna caiu da mão do Kiochi. A coisa veio despencando, despencando... O som de vidro quebrado se misturou aos berros das crianças.
Todo mundo se atropelou em direção à porta da saída, na escuridão errando o caminho, caindo, chorando.
O que seria aquela coisa escura que despencou de dentro do armário e assustou toda a turma?
Histórias de mistério, quem é que não gosta?


João Felizardo – Maria Heloisa Penteado (Contos de Grimm)

            Depois de servir o seu amo por sete anos, João recebeu uma pepita de ouro. Ia indo para casa de sua mãe a pé quando avistou um cavaleiro montado num belo cavalo. Como gostaria de ter um cavalo, assim não gastaria a sola do sapato. O cavaleiro ouvindo o pedido de João resolveu fazer uma troca: ele daria o cavalo em troca da pepita.
            João aceitou e ouviu as recomendações do cavaleiro:
- Se quiser andar mais depressa, é só estalar a língua e dizer “upa! Upa!” e vai ver só a ligeireza dele!
            Feliz da vida, João aprumou-se na sela, respirou fundo e saiu trotando com uma deliciosa sensação de liberdade. Resolveu andar mais depressa, seguindo as recomendações do cavaleiro. Porém, o cavalo estacou de repente, atirando-o para dentro de uma vala. Por sorte, um camponês que estava vindo com uma vaca, ajudou João a se levantar.
- Não tem graça nenhuma andar a cavalo! Quando menos se espera, o bruto estaca e joga a gente no chão! Você sim é feliz e sossegado atrás da sua vaquinha, sem perigo de ser jogado no chão! E ainda tem leite, manteiga e queijo todos os dias!O que eu não daria para ter uma vaca assim!
- Vamos fazer uma troca. Você me dá o cavalo e eu lhe dou a vaca.
            João descobriu que a vaca não dava leite porque já estava bem velha, e só serviria para puxar carroça ou para o açougue. No caminho, encontrou um açougueiro trazendo um porco num carrinho de mão.
            Então, João se interessou pelo porco, pois não gostava de carne de vaca, e resolveram fazer a troca.
            João ia pensando “Tudo acontece como eu quero. Surge um problema e logo se resolve da melhor forma!”
            Mais adiante, um rapaz levando um ganso branco debaixo do braço, alcançou-o e foram caminhando juntos. O rapaz contou que estava levando o ganso para uma festa de batizado.
            João foi reclamando do peso do porco, enquanto isso o dono do ganso contou que lá na aldeia roubaram um porco e era muito parecido com o de João. Quando João ouviu isso logo quis trocar o animal, para não correr o risco de perdê-lo.
            “Fiz mais uma troca vantajosa”, pensou João. Além de ter um bom assado, teria também um travesseiro com penas de ganso.
            Chegando na última aldeia do caminho, encontrou um amolador de facas, que foi logo perguntando sobre a compra daquele ganso e João respondeu:
- Eu não comprei. Troquei meu porco por ele.
-  E o porco?
- Ganhei em troca de uma  vaca.
- E a vaca?
- Ganhei em troca do meu cavalo.
- E o cavalo?
- Troquei por uma pepita de ouro.
- E o ouro?
- Foi o meu salário por sete anos de serviço.
- Puxa você é bem esperto! Soube tirar vantagens sempre maiores em todas as trocas. Se arranjar moedas cada vez que der um passo, então, sim, está feito!
- E como vou conseguir isso?
- O único jeito, é se tornar um amolador de facas como eu.
            João ganhou uma pedra e seguiu o seu caminho pensando: “Sou um felizardo! É só eu desejar uma coisa e ela acontece.”
            Entretanto, como vinha caminhando desde o raiar do dia, sentia-se muito cansado e faminto. Andava cada vez mais devagar, parando a todo instante, por causa do peso da pedra, só pensando que bom seria se não precisasse carregá-las.
            Quando chegou a um poço ao lado do caminho, parou para se refrescar, colocando a pedra na beira do poço. Então, por estar mal equilibrada, lá se foi a pedra para o fundo do poço.
            Que alívio João sentiu ao ouvir o cthinbum das pedras mergulhando n’agua. Com lágrimas nos olhos ajoelhou-se e agradeceu a Deus, por lhe ter concedido mais essa felicidade, livrando-o da pedra pesada e incômoda. Assim chegou à casa de sua mãe.
Quanto troca, troca, não? Adoro histórias assim, parece até que vira uma brincadeira. Não deixe de comentar sobre sua história preferida.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vamos assistir Pedro Palerma?

As minhas amigas Simone Grande, Danielle Barros e Fabiane Camargo estão com um novo espetáculo que está sensacional. Elas fazem parte de um grupo chamado As Meninas do Conto. Entrem no site para conhecer um pouco mais do grupo: http://www.meninasdoconto.com.br/ e não deixem de ver o blog que elas preparam especialmente para o espetáculo- http://pedropalermaeoutrashistorias.wordpress.com/

domingo, 14 de novembro de 2010

Performance do nariz quebrado

Não se assustem que eu não quebrei o nariz. Foi só de mentirinha para fazer uma performance no metrô de SP. Como assim, Claudia? Estou fazendo um curso de pós graduação em contação de histórias e esta foi uma das atividades desenvolvidas que adorei participar, assim como outras que vou mostrar aqui no blog.
Você imagina entrar num vagão do metrô e encontrar várias pessoas com curativo no nariz. Coincidência? Pegadinha? O que você faria? Não tinha como não olhar. Esta foi uma das reações das pessoas que se encontraram lá.

O combinado da performance:

Cada aluno criou uma história do nariz com curativo (um caiu e bateu o nariz no chão, o outro fez uma cirurgia, etc.  e eu levei uma bolada no nariz). Depois fomos para uma estação do metrô determinada pelo professor. Eu fiquei na estação da Vila Mariana esperando no primeiro vagão, conforme o combinado. Do Jabaquara até o Tucuruvi, cada um em uma estação e todos com um destino: entrar no mesmo vagão, fingindo não conhecer ninguém. E se alguém perguntasse do nariz, cada um tinha que contar a sua história, aquela do início. Deu muita vontade de rir, mas esta era uma prova de fogo. Esta era uma preparação para a aula de teatro (drama).

A reação das pessoas:
Algumas riram muito. Um rapaz tirou fotos do celular, disse que se contasse ninguém ia acreditar. Outras logo falaram que era uma pegadinha e ficaram o tempo todo procurando uma filmadora. Um senhor pensou que fosse um protesto. Uns meninos pedintes acharam que fosse uma nova gripe. E assim tiveram muitas, muitas reações.

Foi muito divertido. E você já passou por uma situação diferente como essa? Comente.